sexta-feira, 2 de maio de 2008

Simplex versus Incapacitex,

Numa altura em que o governo PS se orgulha do seu “Simplex”, assim como da sua “inquestionável eficácia” em todos os horizontes, importa dar a conhecer um dos muitos aspectos desta infeliz sociedade, cuja realidade crua e nua, fica longe, bem longe, das mil e uma maravilhas arrogantemente reivindicadas pelo seu responsável máximo.
Era uma vez, uma empresa animada de boas intenções...
Vamos aos factos : esta empresa, animada de boas intenções e desejosa de vender saúde, decidiu comercializar, legalmente, uma linha de Purificadores de Ar, cuja tecnologia é provavelmente a mais avançada do mundo.
Apesar dos aparelhos exibirem as Normas CE, comprovadas numa Declaração de Conformidade, o responsável da empresa, prudente e avisado, fiz questão de contactar a DGS e a ASAE, para se certificar da legalidade da operação.
Enquanto na Direcção Geral da Saúde, lhe foi dito que : “Não se podia comercializar os Purificadores de Ar, sem prévia homologação”, a resposta da ASAE surpreendeu ainda mais: “A nossa função não é informar, mas sim fiscalizar”!
Entretanto, procedeu-se a alguns contactos, junto de potenciais clientes para analisar as suas reacções. Um deles, comerciante, perguntou ao vendedor pela homologação do aparelho. Insatisfeito com a exibição das Normas e respectiva Declaração de Conformidade, o cliente optou por ligar a um dos seus amigos, (inspector da ASAE) que foi peremptório na sua opinião : “Não compre nada disso porque não está homologado”. Quando se lhe perguntou ao abrigo de que Dec. Lei ou norma, o inspector fazia tal afirmação, o silêncio foi a única resposta ! !
Entretanto, firmemente decidida a aclarar o bom fundamento de tal atitude, a empresa resolveu dar seguimento aos seus contactos junto de entidades oficiais e algumas não oficiais, perguntando-lhes : É legal comercializar em Portugal Purificadores de Ar obedecendo às Normas CE, já vendidos e utilizados em outros países da UE” ? Lista dos organismos contactados, além da DGS e da ASAE : Representação da UE em Lisboa / Comissão de Higiene e Segurança / Instituto Nacional da Propriedade Industrial / Direcção Geral das Actividades Económicas / Direcção Geral de Energia e Geologia / Instituto do Ambiente / Agência para a Energia / Comissão Coordenadora para o Desenvolvimento Regional / Instituto Português de Qualidade / Instituto Português de Acreditação / Universidade Técnica de Lisboa / Universidade Católica / Instituto Superior Técnico / Ordem dos Engenheiros / Adene / Ministério da Economia e da Inovação / Direcção Geral das Empresas / Ministério da Saúde / Direcção Geral das Instalações e Equipamentos da Saúde.
Importa referir que a maioria destes contactos, foram feito no seguimento dos conselhos dados por cada um destes organismos, sob o pretexto de que : “Nada sabiam informar relativamente a essa questão”, ou, então que : “Este assunto não é da nossa competência, é melhor o Sr. contactar ...”
Resultado, não podendo viver do ar, mesmo daquele garantido pelos Purificadores de Ar, a equipa de venda, contratada e formada para o efeito, não resistiu a três longas semanas recheadas de intensa confusão, indecisões e despesas infrutíferas e resolver abandonar antecipadamente o projecto !
Logo a seguir, ainda convicta da viabilidade das suas boas intenções, a empresa, aconselhada por uma pessoa amiga, contactou o Instituto de Soldadura e Qualidade, (ISQ), que entre outras qualificações técnicas, controla também a qualidade do ar. Depois de um engenheiro deste organismo ter verificado os aparelhos e a respectiva documentação, o mesmo garantiu categoricamente a plena legalidade do projecto, legalidade essa, que ficará oficializada por um Certificado, entretanto requisitado pela empresa ao próprio ISQ, para que não haja mais dúvidas.
Entretanto, considerando tratar-se de aparelhos cujos benefícios revertem em favor da saúde da população e consequentemente em favor das finanças públicas, que com mais saúde gastam muito menos, foi questionado o departamento da Concepção do IVA com a finalidade de atribuir aos referidos aparelhos uma taxa de IVA bonificada. A resposta foi curta e simples : “Tal não é possível por falta de enquadramento” !!
É caso para perguntarmos se o Estado não estará minimamente interessado em melhorar a saúde das populações !!
Que conclusões podem ser retiradas desta caricata aventura ? Que país é este, onde ninguém, (pago para saber), sabe responder com precisão e inteligência, preferindo sacudir a água do capote ? Onde está o orgulho pessoal e profissional desta gente ? Como melhorar o já complicado presente e construir o futuro risonho com tanta leviandade e irresponsabilidade ? Será que foi com tais atitudes e comportamentos que se ergueu o sempre falado orgulho nacional ?
Coitado do pobre Luís Vaz de Camões que deve dar saltos e sobressaltos nos seu túmulo dos Jerónimos !
Visto por outro angulo, mas afinal, onde está o retorno dos inúmeros investimentos feitos à custa dos incessantes e multi-milionários subsídios vindo da UE, desde a sua adesão ao clube dos ricos em 1986 ? Quem de direito, explica e justifica tanta incompetência junta ? Será que parte desse muito dinheiro caiu “milagrosamente” em mãos alheias ?
Algo de profundamente errado se encontra alojado no ensino em geral, na formação profissional, na chefia desta gente, por não saber explicar, gerir e controlar, etc...
De uma certa forma, tal realidade nua e crua, por muito que custe aceitar e acreditar, equivale a ser um verdadeiro insulto para os cidadãos que “sofrem” de honestidade e de respeitabilidade para com as regras estabelecidas e que sustentam com seus impostos os referidos organismos.
Apetece mesmo...