segunda-feira, 14 de abril de 2008

Mensagem para a juventude

Como todos sabemos, na vida do ser humano, a juventude não é nada mais do que uma simples fase transitória, que começa no final da chamada meninice e termina quando se atinge a maioridade civil, sinónimo de responsabilidades acrescidas, perante a lei e perante os homens. De uma certa forma, a adolescência será, no contexto da vida do indivíduo, uma das fases mais importantes, senão mesmo, a mais importante de todas, pelo facto de proporcionar ao jovem as premissas de uma desejável autonomia, abrindo-lhe progressivamente as apetecíveis portas de um mundo novo, pronto para ser descoberto, com um compreensível apetite e uma saudável curiosidade.
Existem, felizmente por esse mundo fora, mil e uma maravilhas à espera de serem encontradas e experimentadas, pela simples razão de que são estimulantes e enriquecedoras para o ser humano.
Embora a pesquisa do prazer, a sua descoberta e os seus efeitos sejam tão naturais como aliciantes para qualquer um, importa fundamentalmente que o jovem, esse aprendiz da vida, tenha absoluta consciência de que, atrás do encanto, possam esconder-se determinadas armadilhas. Estas, normalmente, são o produto da mente tortuosa de gente perversa, que as coloca voluntariamente no caminho do jovem, de forma a poder atingir os seus baixos propósitos, usando para o efeito diversos meios atractivos e enganadores, tais como, o dinheiro fácil e a promessa de novas e fabulosas sensações. Um dos piores problemas, reside no facto de que, depois de provar alguns desses novos prazeres, tais como as drogas e o álcool, o jovem não tem forças suficientes para se limitar a uma simples prova.
As muitas centenas de milhares de jovens que aceitaram fazer tais experiências e que, seguidamente, se tornaram dependentes seja do álcool, seja das drogas, quando não dos dois simultaneamente, não pretendiam nada mais do que limitar-se a obedecer com o objectivo de se sentirem iguais aos outros, serem aceites pelo grupo e nele permanecerem, com sentimento de orgulho e de satisfação.
Lamentável e infinitamente triste será dizer, que todos aqueles que não resistiram aos efeitos destruidores de tais prazeres envenenados, já não se encontram no mundo dos vivos para poderem contar as suas desgraçadas experiências, aos muitos ingénuos que persistem, ainda hoje, em considerar-se mais espertos do que ou outros.
Se, a esse conhecido e doloroso panorama, se juntar o risco do jovem ter relações sexuais não protegidas, com pessoas portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST), chega-se à conclusão de que a juventude actual brinca perigosamente com a única vida que tem.
Os que, por mera sorte, conseguirem passar através das apertadas malhas desta engrenagem infernal, devem ter plena consciência de que, enfraquecidos ou não com essas malfadadas experiências, eles serão os adultos de amanhã, aqueles mesmos a quem incumbirá a pesada responsabilidade de dirigir os destinos de um mundo cada vez mais perturbado e fatalmente perturbador.
Curiosamente, sempre que surge uma nova geração de jovens, aquela que vem a seguir, fica confrontada com novas modas, novas possibilidades e também com novas armadilhas. A adaptação a essa transição afigura-se cada vez mais difícil, tendo em conta que as profundas mudanças verificadas ultimamente na sociedade, não facilitam a indispensável aproximação entre os diversos membros da família, nomeadamente, pais e filhos, que têm, hoje em dia, agendas e preocupações pouco ou nada compatíveis. A chegada das chamadas novas tecnologias e a sua forte penetração nos novos hábitos de vida, reforça e agrava uma situação de verdadeira dependência, entre elas e os seus cada vez mais jovens utilizadores. Entre os telemóveis, jogos electrónicos, Internet e seu You Tube, os leitores de música e outros acessórios da última geração, os pais, em nome de uma pseudo felicidade dos seus filhos, compram-lhes tudo o que o dinheiro pode comprar e ficam orgulhosos de proporcionar a esses mesmos filhos, um estatuto de igualdade ou de superioridade, perante uma massa anónima de outros adolescentes, também obcecados pela posse e uso destes imprescindíveis acessórios. Hoje, e com uma tendência crescente, os tais acessórios, conjuntamente com a imagem do jovem, transmitem a ideia que valorizam significativamente mais o indivíduo, do que as suas reais capacidades intelectuais e os seus valores morais !!
A forma e a velocidade com a qual o nosso mundo vai evoluindo, obriga a que a preparação do jovem, a qualidade do ensino, assim como a sua perfeita capacidade de assimilação, se aproximem o mais possível do grau de excelência. Desse resultado, irá depender a qualidade e serenidade das gerações vindouras, incluindo a dos jovens de hoje que serão os adultos de amanhã. Tendo isso em consideração, importa muito particularmente ao jovem abrir a sua mente com a maior das atenções aquando da transmissão dessa infinita riqueza da civilização humana que é a cultura geral, autêntica dádiva de uma multiplicidade de gerações, que transformaram as suas experiências de vida, sacrifícios e sofrimentos, num valioso e insubstituível capital ao serviço de todos, a denominada sabedoria.
Por tudo isso, este capital de saberes, transmitido em grande parte pela família e pelo ensino, assume, para o jovem, uma importância capital, na medida em que, numa sociedade, como já o dissemos, em acelerada evolução, cada vez mais exigente e mais competitiva, os que não tiverem, nem ambição, nem força de vontade, nem o perfeito domínio de uma cultura altamente especializada, ficarão destinados, amanhã, quando adultos, a ocupar os lugares de segunda escolha, longe, muito longe do sonho inicial que alimentava a esperança de uma vida confortável e feliz.
Agora e desde sempre, a esmagadora maioria dos jovens têm, entre eles, um ponto em comum. Por terem apreendido muito em pouco tempo, convencem-se de que já sabem tudo e, consequentemente, dominam os mais velhos (os cotas) e portanto, também dominam o mundo, que, aliás, só pode, naturalmente, estar aos seus pés. Em abono da verdade, tal teoria nunca trouxe bons resultados, pelo contrário. Humildade e realismo serão certamente as melhores armas para lutar eficazmente contra os orgulhos exacerbados.
O mais importante para o aprendiz da vida, é saber que, por natureza, a esmagadora maioria das coisas que facultam prazer têm sempre o reverso da medalha e que é possível incrementar esse mesmo prazer, se se souber eliminar o risco que lhe é inerente. Esse domínio, passa por saber ouvir e analisar atentamente e nunca recear questionar os mais crescidos, quanto aos seus conhecimentos sobre a perigosidade destes riscos e aprender com eles a melhor forma de combater eficazmente os mesmos. Convém não esquecer, que por muito aliciante que seja o prazer, há males que, podendo ser-lhes inerentes, deixam no ser humano, marcas graves e indeléveis, aquelas mesmas que são unanimemente visíveis em todos os infelizes e todos os falhados.
Contudo, o jovem tem que saber e ter plena consciência, que essa referida fase da juventude tem características únicas na vida do ser humano. Eliminando as excepções que, como sempre, confirmam a regra, o corpo e a mente do jovem possuem todas as condições para tirar proveito das diversificadas faculdades humanas e aproximar-se dos limites que a natureza impõe. Enquanto a parte física do corpo se desenvolve numa harmonia quase perfeita, obedecendo a todas as solicitações e à beleza do ser, exulte, iluminando e irradiando uma prolongada frescura, a mente, por sua vez, brilha de uma alegria comunicativa perante a descoberta de um novo e cativante mundo. Importa que o jovem se aperceba da transitoriedade dessa fase da vida e saiba que o Homem não está equipado com nenhuma marcha atrás. Cada dia que passa pertence à história do passado individual e o futuro, enquanto existe, enfrenta-se com a consciência de que se caminha em direcção às inevitáveis batalhas contra a adversidade da vida. O conhecimento e domínio dessa realidade, permite e proporciona ao jovem uma vida mais intensa e mais feliz. De nada serviria, uma vez terminada essa fase transitória, vir a sentir remorsos por ter deixado escapar oportunidades inerentes à juventude.
No texto : “O adeus de um génio”, atribuído ao grande Gabriel Garcia Marquez, onde fica patente uma invulgar sensibilidade humana e poética, a bela lição de vida diz, entre outros, o seguinte :

“ Se não o fizeres hoje, o amanhã será igual a ontem. E se não o fizeres nunca, também não importa. O verdadeiro momento, é o agora “

Essa forma de pensar e de escrever, tem por objectivo realçar a importância do agora, do momento e porque não, também, de uma determinada fase, como será o caso da juventude de que falamos. Essa juventude, é de facto tão essencial, que tem obrigatoriamente que ser vivida com a intensidade própria, com alegria e com a devida prudência, mas também, com inteligência, muita inteligência, porque é seguramente a fase que irá condicionar toda uma vida de adulto, transportando para as fases seguintes, as normais consequências de todos os vícios e virtudes adquiridas nesses anos dourados.
Da mesma maneira que compete aos adultos entenderem as necessidades próprias da juventude, e saber coabitar pacificamente com os sinais de superficialidade, frivolidade, leviandade e irreverência que caracterizam os jovens em geral, também compete a esses mesmos jovens, seguir as orientações vindas dos mais velhos, tirar proveito da experiência adquirida, sentir e demonstrar o indispensável respeito para com os adultos, sem nunca esquecer que antes de serem adultos, todos eles também foram crianças e adolescentes, pesa embora com menos gadgets electrónicos do que hoje, mas com as mesmíssimas obrigações e deveres a que está sujeito qualquer cidadão do mundo.

Quando o jovem de hoje, pela sua vez, se transformar num adulto, casado, pai de filhos e profissionalmente activo, ele lembrar-se-á, com ternura e emoção, de como era bom e fácil ser-se jovem, frívolo e irreverente, comparado com a responsabilidade inerente ao adulto desejoso de amar os seus, protegê-los e fazê-los felizes, enquanto vê, impotente, desfilar os anos à velocidade da luz, sem nada poder fazer para alterar a única e inelutável verdade da vida, a lenta aproximação de um fim, última e derradeira fase que a natureza nos impõe, antes de darmos o grande salto para o desconhecido, de onde não há retorno possível.

Entre o momento da nossa chegada a esse mundo e o da nossa despedida, temos e sempre teremos uma só e única vida.
Está nas vossas mãos escolher viver essa vida em boa inteligência, paz e harmonia consigo mesmo, com os outros e com o mundo, ou, se preferirem, deixarem-se simplesmente viver até que algo aconteça ou então, optarem voluntariamente por uma atitude de confronto para com as regras estabelecidas e de indisciplina perante pais, educadores e superiores hierárquicos, correndo o risco de chocar tudo e todos, despertando sentimentos negativos, podendo guiar o próprio e os outros pelos caminhos do ódio, sempre geradores de desafios, de combates, de guerras e de morte prematuras.

Antes de tomar as atitudes e as decisões que impliquem a sua responsabilidade e a da sociedade onde se insere, além de ouvir a voz da sua “consciência pessoal”, obrigue-se sempre e sistematicamente a ouvir também a voz da razão, a da sabedoria e porque não pedir conselhos junto de quem sabe e em quem confia.

Assim, poderá partilhar e diminuir as suas dificuldades e orgulhar-se legitimamente dos seus sucessos.

Sempre que tiver algum tempo, tente aproximar-se atentamente dos provérbios populares, eles são, além do resultado de séculos de observações, uma fonte inesgotável de verdadeiros tesouros de sabedoria, essência do Homem e da sua civilização milenar. Eis alguns exemplos :

“Dá sempre sete voltas na boca com a tua língua, antes de falar”

“Pequeno um dia será grande”

“Quando não souberes algo, pergunta aos jovens, eles, sabem sempre tudo”

“Mais tarde, quando fores crescido, tem cuidado com o teu dinheiro, cuidado com o que fazes e cuidado com o que dizes, porque se não tiveres o cuidado suficiente, corres o risco de gastar o que não tens, de fazer o que não podes e de dizer o que não deves”

“Não há mais surdo do que aquele que não quer ouvir”

“O pote, por ir muitas vezes à fonte, acaba sempre por partir-se”

“ Os insultos são a razão daqueles que não a têm”

OOOOOOOOOOOOOOO Boa sorte e boa viagem na rota do tempo OOOOOOOOOOOOOOO

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