Independentemente do contexto em que terá sido inserida a “surpreendente” frase do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo : “O ateísmo e a indiferença em relação a Deus constituem o maior drama da Humanidade,” o seu conteúdo revela, infelizmente, no entender de muito gente, uma visão demasiada estreita e limitativa da relação existente entre a religião e a sociedade.
Vejamos porquê:
Devido ao facto do Sr Cardeal ser uma figura pública, por um lado, e por outro, ser em Portugal o representante oficial da Igreja Católica romana, o mesmo tem, por obrigação, preparar atempada e cuidadosamente as suas intervenções públicas, assim como assumir plenamente todas as consequências que estas sua intervenções podem ter na mente das pessoas.
Na conhecida e amplamente divulgada visão oficial da Igreja, o lugar de Deus sempre foi, continua e continuará incansavelmente a ser, o próprio exemplo da absoluta predominância de Deus no próprio coração da sociedade humana, no que diz respeito à única orientação espiritual e doutrinária possível das suas populações.
Por outras palavras, aos olhos da Santa Igreja, os crentes praticantes são invariavelmente considerados os fiéis modelos do Cristianismo, os autênticos filhos de Deus, enquanto os outros, os não praticantes, os não crentes, os ateus e outros agnósticos, sempre representaram para ela e pelos vistos continuam ainda a representar uma categoria especial, a convencer e converter absolutamente ou, se necessário, a combater impiedosamente, como já foi aliás histórica e repetidamente o caso.
Olhando para a nossa sociedade, até um cego autista se apercebe dos numerosos e incomensuráveis dramas que a Humanidade enfrenta diariamente, tais como as guerras sangrentas entre nações e outros conflitos regionais armados, (como por exemplo, o Israelo-Árabe que dura há já sessenta anos), os reféns das numerosas ditaduras que persistem em fazer um braço de honra à Democracia, a fome que continua a matar no mundo milhões de pessoas por ano, a inconcebível miséria em que vivem outros tantos milhões, as doenças contagiosas (nomeadamente aquelas que poderiam ser evitadas com uso de preservativos, teimosamente proibidos pela Igreja e responsáveis por centenas de milhares de mortos), o aparentemente irreversível fundamentalismo islâmico e as suas muitas dezenas de milhares de inocentes vítimas, a criminalidade crescente à escala planetária, os problemas ambientais e a delapidação dos recursos naturais não renováveis que comprometam seriamente a vida das gerações futuras, o analfabetismo e a precariedade que condenam irremediavelmente milhões de crianças a uma vida indigna e sofredora, etc, etc. Como toda a gente sabe, esta lista é infindável, mas para não abusar da paciência do leitor e respeitar a limitação de espaço, ficaremos por aqui.
É claro, que depois de tomar consciência da extrema gravidade, tal como do incontestável realismo dos dramas humanos acima enunciados, só alguém de má fé, distraído, ou, pior ainda, alguém animado de objectivos duvidosos e não revelados, pode produzir tão levianamente uma afirmação como aquela citada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, quando comparada com os verdadeiros dramas da Humanidade, acima enumerados.
Se, de facto, a religião católica reivindica a autoria dos valores morais, tais como: o da bondade humana, da honestidade, da humildade, do espírito de entreajuda, da obediência, e da transparência e exige simultaneamente a continuidade do ensino obrigatório dos mesmos, essa mesma Igreja não pode deixar um seu representante, qualquer que ele seja, proferir este tipo de afirmação pública, aliás quase pecaminoso, sem correr o risco de chocar profundamente os muito milhões de sobreviventes, de familiares e amigos, que foram e continuam a ser as vítimas da enumeração dos verdadeiros e incontestáveis dramas de que sofre realmente a Humanidade.
Pensando melhor, pelo respeito incontestavelmente devido a todas essas vítimas, das quais o elevado número, nem sequer pode ser contabilizado, o Sr Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, deveria, em seu nome pessoal e em nome da Igreja Católica romana, pedir humildemente perdão pelas suas mais do que infelizes palavras. Por muito que lhe custe, Sr. Cardeal, a vida na terra não se limita, para a Humanidade inteira, apenas e tão só, à crença em Deus ou ao agnosticismo perante os fenómenos religiosos. Por muito importante que esta crença seja para alguns, ela nunca chegará a monopolizar as prioridades de toda essa Humanidade, na sua generalidade. A “indiferença em relação a Deus”, que o Sr. lamenta e classifica de “maior drama da Humanidade”, permanece um direito inalienável da liberdade de pensamento de qualquer ser humano.
Para concluir, caso a alta hierarquia da Igreja e seu respectivo representante não se dignarem reconhecer a infelicidade e a injustiça da referida afirmação e pedir oficialmente perdão, estaremos perante a demonstração inequívoca de uma profunda insensibilidade dessa mesma Igreja perante os profundos e verdadeiros dramas que afectam seriamente a Humanidade e tal atitude, deixará planar no ar, uma séria dúvida, quanto à autenticidade dos objectivos concretos perseguidos por ela, relativamente a essa mal tratada Humanidade.
Vejamos porquê:
Devido ao facto do Sr Cardeal ser uma figura pública, por um lado, e por outro, ser em Portugal o representante oficial da Igreja Católica romana, o mesmo tem, por obrigação, preparar atempada e cuidadosamente as suas intervenções públicas, assim como assumir plenamente todas as consequências que estas sua intervenções podem ter na mente das pessoas.
Na conhecida e amplamente divulgada visão oficial da Igreja, o lugar de Deus sempre foi, continua e continuará incansavelmente a ser, o próprio exemplo da absoluta predominância de Deus no próprio coração da sociedade humana, no que diz respeito à única orientação espiritual e doutrinária possível das suas populações.
Por outras palavras, aos olhos da Santa Igreja, os crentes praticantes são invariavelmente considerados os fiéis modelos do Cristianismo, os autênticos filhos de Deus, enquanto os outros, os não praticantes, os não crentes, os ateus e outros agnósticos, sempre representaram para ela e pelos vistos continuam ainda a representar uma categoria especial, a convencer e converter absolutamente ou, se necessário, a combater impiedosamente, como já foi aliás histórica e repetidamente o caso.
Olhando para a nossa sociedade, até um cego autista se apercebe dos numerosos e incomensuráveis dramas que a Humanidade enfrenta diariamente, tais como as guerras sangrentas entre nações e outros conflitos regionais armados, (como por exemplo, o Israelo-Árabe que dura há já sessenta anos), os reféns das numerosas ditaduras que persistem em fazer um braço de honra à Democracia, a fome que continua a matar no mundo milhões de pessoas por ano, a inconcebível miséria em que vivem outros tantos milhões, as doenças contagiosas (nomeadamente aquelas que poderiam ser evitadas com uso de preservativos, teimosamente proibidos pela Igreja e responsáveis por centenas de milhares de mortos), o aparentemente irreversível fundamentalismo islâmico e as suas muitas dezenas de milhares de inocentes vítimas, a criminalidade crescente à escala planetária, os problemas ambientais e a delapidação dos recursos naturais não renováveis que comprometam seriamente a vida das gerações futuras, o analfabetismo e a precariedade que condenam irremediavelmente milhões de crianças a uma vida indigna e sofredora, etc, etc. Como toda a gente sabe, esta lista é infindável, mas para não abusar da paciência do leitor e respeitar a limitação de espaço, ficaremos por aqui.
É claro, que depois de tomar consciência da extrema gravidade, tal como do incontestável realismo dos dramas humanos acima enunciados, só alguém de má fé, distraído, ou, pior ainda, alguém animado de objectivos duvidosos e não revelados, pode produzir tão levianamente uma afirmação como aquela citada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, quando comparada com os verdadeiros dramas da Humanidade, acima enumerados.
Se, de facto, a religião católica reivindica a autoria dos valores morais, tais como: o da bondade humana, da honestidade, da humildade, do espírito de entreajuda, da obediência, e da transparência e exige simultaneamente a continuidade do ensino obrigatório dos mesmos, essa mesma Igreja não pode deixar um seu representante, qualquer que ele seja, proferir este tipo de afirmação pública, aliás quase pecaminoso, sem correr o risco de chocar profundamente os muito milhões de sobreviventes, de familiares e amigos, que foram e continuam a ser as vítimas da enumeração dos verdadeiros e incontestáveis dramas de que sofre realmente a Humanidade.
Pensando melhor, pelo respeito incontestavelmente devido a todas essas vítimas, das quais o elevado número, nem sequer pode ser contabilizado, o Sr Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, deveria, em seu nome pessoal e em nome da Igreja Católica romana, pedir humildemente perdão pelas suas mais do que infelizes palavras. Por muito que lhe custe, Sr. Cardeal, a vida na terra não se limita, para a Humanidade inteira, apenas e tão só, à crença em Deus ou ao agnosticismo perante os fenómenos religiosos. Por muito importante que esta crença seja para alguns, ela nunca chegará a monopolizar as prioridades de toda essa Humanidade, na sua generalidade. A “indiferença em relação a Deus”, que o Sr. lamenta e classifica de “maior drama da Humanidade”, permanece um direito inalienável da liberdade de pensamento de qualquer ser humano.
Para concluir, caso a alta hierarquia da Igreja e seu respectivo representante não se dignarem reconhecer a infelicidade e a injustiça da referida afirmação e pedir oficialmente perdão, estaremos perante a demonstração inequívoca de uma profunda insensibilidade dessa mesma Igreja perante os profundos e verdadeiros dramas que afectam seriamente a Humanidade e tal atitude, deixará planar no ar, uma séria dúvida, quanto à autenticidade dos objectivos concretos perseguidos por ela, relativamente a essa mal tratada Humanidade.
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