terça-feira, 11 de março de 2008

Discriminação sexual,

O século XXI já entrou no seu oitavo ano de vida e não deixa de ser surpreendente a ainda existência de diferenças de trato entre os géneros masculino e feminino, se considerarmos, com honestidade e realismo, que os dois sexos constituem, copulativamente, a indispensável essência, remota e actual, desta nossa sociedade, assim como, a única garantia de uma inevitável e ambicionada projecção no tempo dessa mesma sociedade e dos seres humanos que a compõem. Estranhamente, apesar da presença persistente e pouca honrosa de múltiplos pontos negativos no seu funcionamento, essa mesma sociedade não tem nenhum receio em se considerar a si própria como sendo seriamente desenvolvida.
Curiosamente, é no decorrer de um difícil e longo caminho que a sociedade de ontem teve que percorrer, para se converter na sociedade mais moderna e mais desenvolvida que conhecemos hoje, que encontramos as bases da própria existência de uma denominada discriminação sexual, entre Homens e Mulheres. A mais importante de todas essas bases, será, sem dúvida, a obrigatoriedade do ensino básico para rapazes e raparigas, o subsequente acesso a cursos superiores e consequente, uma formação académica (unissexo), que permite, a ambos, a entrada no extenso e variado mundo do trabalho. Embora tal discriminação seja frequentemente uma realidade, nomeadamente em áreas mais sensíveis, tais como, o principio de uma remuneração diferenciada para lugares idênticos, o ainda reduzido acesso da Mulher a postos de responsabilidade (supostamente propriedade do Homem) e a permanência do estatuto da Mulher no seu eterno lugar de “dona de casa”, aliás também chamada, (por mentes com carácter nitidamente machista), de “doméstica”, com o conjunto de tarefas que esse lugar implica para ambas as denominações.
No entanto, a sobrevivência da nossa espécie, ao longo dessa já velha e longa História da humanidade, tem certamente, como aliás a referida discriminação, sua explicação e suas raízes, na separação das responsabilidades que incumbiam a cada um dos dois sexos, em conformidade com as naturais aptidões e características físicas, próprias a cada um deles. Enquanto, na longínqua pré-história, o Homem, predador natural, tinha força física e coragem para ir caçar presas, seu único e indispensável sustento, trazia-as seguidamente para a caverna, que servia de abrigo colectivo, onde a sua companheira tratava de preparar a comida, utilizando o produto da referida caça. Durante milénios e séculos, é verdade que o papel da Mulher foi sendo limitado aos afazeres do lar, cuidar da descendência, confeccionar e tratar da roupa de toda a família e garantir a sua alimentação, enquanto o Homem, animal eternamente sedento de poder e de riqueza, guerreava-se contra os outros, para satisfazer suas variadas e loucas ambições. Posteriormente, com a evangelização em larga escala das populações, a cargo de missionários exclusivamente masculinos, a Mulher passou a ter que “obedecer” às leis de Deus e da Santa Igreja, além da sua já habitual e tradicional obediência e submissão ao Homem. Os anos passaram e foi, de uma certa forma, a partir do momento em que a Mulher soube realçar e pôr positivamente em evidência a sua invulgar beleza, que a sua visibilidade e influência junto do Homem, começaram a ser uma realidade promissora. Com o tempo, a Mulher acrescentou à sua invulgar beleza, uma subtileza indiscutível, formando assim, um dos seus mais atractivos trunfos, à sua reconhecida e denominada “feminilidade”. Para que honra seja feita a Mulher, a sua feminilidade e aos seus trunfos, ficou memorizada para sempre uma frase lisonjeadora que diz o seguinte : “Atrás de um grande Homem, há sempre uma grande Mulher”. A História, de facto encarregou-se de comprovar a veracidade e o bom fundamento desta observação.

A esse propósito, que me seja permitido reproduzir aqui e agora, algumas citações extraídas do capítulo: Mulher, contidas no meu livro de temas múltiplos, (porventura à espera de ser editado), relativas a essa particularidade tipicamente feminina :

“A feminilidade está intrinsecamente ligado a um todo que a Mulher tem, sente, imagine, diz, pensa, toca, faz, olha e deseja, entre outras sensações, acções, atitudes e demais posturas que só a Mulher domina”.

“A subtileza contra a energia e a paciência contra a impulsividade, sempre foram dos melhores trunfos que a mulher soube muito habilmente evidenciar e manejar, no seu eterno e inevitável confronto com o sexo oposto. Já foram muitos os milénios de prática e de experiência que a mulher soube capitalizar em benefício da sua fragilidade e mesmo, quando necessário, da sua própria integridade. No sentido físico e não só, a mulher recebeu dos deuses e da natureza, uma dádiva que lhe está genética e intuitivamente adstrita e que os já mencionados milénios, só ajudaram a aperfeiçoar ainda mais, até se atingir um patamar vizinho da excelência: a sua feminilidade”.

“Ainda bem! Sem a mulher, este mundo e sua respectiva humanidade não poderiam existir e se porventura pudesse mesmo existir, ele seria um mundo onde o próprio homem não poderia nem saberia viver”.

“Era como viver num jardim onde os passarinhos não cantavam, passear numa floresta onde os rios ficaram sem água da vida e onde as flores, embora multicolores, não exalassem, nem fragrância, nem cheiro, nem aromas. Não toquem na mulher! Além da vida e da alegria, ela é o futuro do homem”.

Regressando ao tema de abertura, em vez do Homem (pelo menos alguns), persistir nesta discriminação negativa relativamente ao sexo oposto, deveria abrir a sua mente, para entender que, muito mais importante que estar permanentemente a recorrer a uma suposta supremacia do Homem sobre a Mulher, é sobretudo debruçar-se sobre a perfeita complementaridade existente entre os dois sexos e descobrir quais as vantagens dessa complementaridade em beneficio de cada um dos sexos. O Homem, para seu próprio interesse, tem forçosa e finalmente de entender e aceitar, que na hipótese do “desaparecimento” da Mulher desta sociedade, ele não seria capaz de fazer frente a tal ausência, nas mais banais situações da vida do dia-a-dia e passaria a ser reduzido ao papel de um animal doente e abandonado, sem capacidade para sobreviver sozinho num mundo, onde as adversidade e necessidades requeiram uma parceria completa, equilibrada e definitivamente eficaz. O Homem tem que saber reconhecer que sem a Mulher, ele não é nada, mesmo sabendo que a reciprocidade a essa verdade, também é uma outra e incontornável realidade.
Resumindo : discriminação, não, complementaridade e igualdade, sim !!
Está compreensivelmente implícito, nesta complementaridade, uma não menos compreensível igualdade de direitos que existe natural e necessariamente entre Homens e Mulheres. Nada pode explicar e ainda menos justificar, que num contexto laboral, a trabalho igual, não haja vencimento igual. Se, a assiduidade, a produtividade e a qualidade prestadas, forem absolutamente idênticas, independentemente de quem as produza, então não há justificação coerente para que se aplique uma qualquer diferença, na retribuição salarial entre empregados de um sexo e empregados do outro sexo. Quando um dirigente Homem, usa e reivindica a aplicação dessa diferença, está simplesmente demonstrando, além de uma mentalidade de ganância fácil, a sua profunda ansiedade e incapacidade em se considerar igual à Mulher, na sua qualidade de ser humano. Aliás, poucas serão as profissões onde a Mulher não possa facilmente provar a sua igualdade de competência com o seu companheiro Homem. Pelo contrário, haverá certamente bastantes tarefas específicas, sistematicamente entregues e confiadas à Mulher, onde o Homem se sentiria tão à vontade, como a sua única e eterna companheira.
Se, até agora, a sociedade humana trouxe à luz do dia, a sua indiscutível evolução em todos os domínios, técnicos e intelectuais, se a Mulher comprovou a sua adaptação a essas mesmas evoluções, terá então chegado, agora, mais do que nunca, a vez dos homens, (com tendência para machismo exacerbado), entenderem que, caso não tenham capacidade e vontade para seguir o rumo dessas evoluções, correm irremediavelmente o risco de se deixar ultrapassar pela realidade dessas numerosas e cada vez mais frequentes evoluções. Aquelas que conhecemos, acrescidas daquelas que estão ainda para chegar.
Convém no entanto deixar aqui um aviso à navegação : Da mesma forma que, como toda a gente sabe, o excesso de liberdade mata a própria liberdade, vale a pena lembrar o seguinte : No dia em que essa esperada e legítima igualdade de direito entre Homens e Mulheres for efectiva e definitiva, haverá, da parte da Mulher um erro a não cometer. Esse erro, seria de tentar ou desejar que, após tantos anos de desigualdade, a Mulher tirasse partido dessa consagração de igualdade para transformá-la sub-repticiamente numa posição dominante, invertendo assim a História do relacionamento entre os dois sexos. Tal precedente poderia assumir consequências agravadas e imprevisíveis, em prejuízo de um salutar e necessário convívio entre Mulheres e Homens que se quer, sobretudo, tão complementar como inteligente..
No dia em que a ciência permitir ao Homem engravidar, acolher nas suas entranhas durante noves longos meses, a sua própria progenitura, e finalmente dar à luz, o Homem passará a descobrir o verdadeiro sofrimento físico, intimamente ligado à reprodução da sua própria espécie e, se se comprovar a real existência da sua suposta inteligência, nesse dia, e só a partir desse dia, ele terá (em mãos) os elementos que lhe permitirão dar o justo valor à condição feminina, sua coragem e demais qualidades e então, aceitar e reconhecer uma desmistificada igualdade entre ele, o sexo forte, e o sexo oposto, dito fraco.
Finalmente, por outras palavras, duas coisas me parecem fundamentais para se obter uma indispensável harmonia entre os dois sexos :
1.) Quando o Homem olha para uma Mulher, tem definitivamente que deixar de pensar sistematicamente nela, da cintura para baixo. A Mulher não pode continuar a ser reduzida à imagem de uma apetitosa boneca, colocada pela natureza ao serviço do Homem e dos seus egoístas apetites sexuais, quando não perversos, e onde os conflitos e outras contrariedades, ficam resolvidos com alguns pares de bofetadas ou palmadas no rabo. O Homem ao comando e a Mulher na obediência. Este tempo medonho e primitivo está morto e enterrado para uma esmagadora maioria de Homens; embora saibamos infelizmente que subsistem ainda uns tantos irredutíveis !!
2.) Muito embora compita subtilmente à Mulher saber ser verdadeiramente Mulher, com sentido de inteligência, elegância, encanto, feminilidade e beleza, compete-lhe saber gerir, com charme e subtilidade, um compreensível e natural desejo de valorizar a sua feminilidade, com merecido respeito, resistindo eficientemente à tentação, não menos natural, de fazer uso e abuso dos seus dotes femininos, para atingir fins talvez consideravelmente menos ortodoxos. Exigir ser conquistada, sabendo apreciar e saborear tal conquista, faz toda a diferença do recurso à banalização do charme e da feminilidade, triste e inglório apanágio daquelas que preferem oferecer-se.
Para que possa ser eficazmente combatida a discriminação sexual em causa, compete ao Homem, mais do que nunca, honrar e fazer jus à sua inteligência, à sua sensibilidade, ao seu sentido de justiça e de equilíbrio e ao reconhecimento da teoria da evolução, nomeadamente e sobretudo da evolução intelectual do ser humano. O Homem do Neerdenthal deixou definitivamente lugar a um ser supostamente racional, condenado a orgulhar-se das sua qualidades e envergonhar-se dos seus defeitos e fraquezas.
O melhor caminho para conseguir alcançar tal nobre objectivo, passa por aquele em que Homem aceita dedicar à Mulher, toda a atenção, o respeito, e a consideração devidas, não num só e único dia por ano, consagrado como sendo o dia internacional da Mulher, mas sim todos os dia do ano que Deus faz.
Do seu lado, a Mulher deve estar atenta, sempre que pode, em demonstrar e merecer verdadeiramente a sua igualdade e aprender a exigir o implícito reconhecimento dessa mesma igualdade.
Assim, ganharão a humanidade inteira e ambos os sexos.


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