Enquanto de Norte a Sul, Portugal e a sua já empobrecida e angustiada população, assistem impotentes a uma inequívoca subida da criminalidade, tanto nas áreas urbanas como no interior, as autoridades politico-militares do país, optam por insistir num discurso que se quer tranquilizador, recorrendo para o efeito à leitura de “sábias” estatísticas, tendentes a comprovar exactamente o contrário, mas que, compreensivelmente, não convencem ninguém.
Contra factos não há argumentos !
Como já foi aqui referido num anterior artigo, intitulado: “Quando jornalismo rima com sadismo”, o alargado conjunto de noticiários, consagra a maior parte dos seus espaços informativos, à divulgação diária de péssimas e assustadoras noticias que ocorrem em todo o mundo. Independentemente das verdadeiras motivações que levam os jornalistas a exibir essa diarreia de pouco animadoras noticias, existe uma outra realidade, bem mais triste ainda, é que toda essa ameaçadora criminalidade está forte e inelutavelmente presente no seio da nossa sociedade. Tentar desmenti-la é uma aberração que só denigre os seus autores.
Mais importante do que fomentar uma batalha de números, ao sabor de interesses meramente politico-partidários, importa proceder a uma análise exaustiva da situação, capaz de encontrar e explicar as verdadeiras razões que estão na origem desse perigoso aumento da criminalidade, antes que a mesma venha a atingir proporções de carácter irreversível.
Se me fosse permitido tentar antecipar algumas dessas razões, poderia afirmar, com reduzida margem de erro, que os principais factores que desencadeiam uma forte motivação criminal, poderão ser os seguintes:
· Na mente dos criminosos, encontra-se uma irresistível vontade de apoderar-se de bens alheios, com o fim de enriquecimento pessoal praticamente imediato e com pouco trabalho.
· Verifica-se uma desmedida e desnecessária ostentação dos mais variados sinais exteriores de riqueza, da responsabilidade daqueles privilegiados que a possuem.
· Vindo daqueles que detém o poder, é visível a demonstração de um alto e rápido aumento de nível de vida, certamente gerador de incompreensão e cobiça dos subordinados que vivem à margem desses invejáveis sucessos.
· Regista-se uma excessiva “propaganda” e banalização de todas as formas de criminalidade, através dos meios informativos, incluindo a poderosa e incontrolada Internet, aliás iniciadora de perigosos e “bombásticos” ensinamentos.
· Presenciamos uma evidente, mas infelizmente suspeita falta de vontade política e uma insuficiência de meios adequados, para dissuadir os potenciais prevaricadores, comparativamente a outros tipos de investimentos públicos.
· É lamentável e pesado de consequências, a inconsciência leviana com a qual a nossa actual sociedade fomenta quantidades sempre crescentes de assimetrias sociais, com os seus lotes de esquecidos e de abandonados, entregues a si próprios, que, não tendo absolutamente nada mais para perder, mergulham numa nebulosa marginalidade, onde pensam encontrar um suposto e ilusório refúgio, eventualmente capaz de contrariar a sua indecente e excessiva miséria, tão material, como aliás intelectual.
Durante muitos séculos, as populações registaram uma forma de vida, indiscutível e exclusivamente condicionada pelo permanente e assustador poder das autoridades religiosas, possuidoras de uma plena legitimidade para fazer uso de todos os meios ao seu dispor, principalmente, o do recurso a ameaça de castigos diversos, incluindo aquele que prometia a ida para as chamas eternas do inferno; com a particularidade destes castigos serem infligidos pelos mais do que misteriosos e não menos assustadores poderes, ditos divinos ! Com a perda definitiva de influência dessa mesma Igreja, aquando da sua separação efectiva do Estado no início do século XX, a sociedade civil começou a desfrutar de uma maior e merecida liberdade espiritual e consequentemente, deixou-se progressivamente conduzir em direcção a diferentes e renovadas formas de espiritualidade, de pensamento e de convívio.
O simples facto de saber que, contrariamente ao incontestado e aterrador poder espiritual divino, profeticamente omnipresente em todos os lugares e dentro de cada um dos pecadores, o novo e circunscrito poder das autoridades policiais, só se inicia e toma efectivamente efeito, a partir do momento onde o criminoso é apanhado fisicamente, deixa aos meliantes uma razoável e apetecível margem de manobra, que incita os mais inconscientes a tentarem a sua sorte, indiferentes aos prejuízos diversos que irão causar às suas anónimas e infelizes vítimas, cujos direitos raramente são lembrados, quando se fala de direitos humanos.
Sendo universalmente reconhecido, que o excesso de liberdade mata a própria liberdade, não será de admirar e ainda menos de surpreender, que o progressivo e inexorável aumento de uma alargada e incontrolável permissividade nas nossas actuais sociedades, se assuma como sendo o principal factor desencadeador das sucessivas ondas de efeitos negativos, das quais a criminalidade faz parte integrante, embora no meio de tantas outros.
Perante tal sombria realidade, a sabedoria assegura que é fundamental e urgente reflectirmos, madura e construtivamente, sobre as actuais “reduzidas” formas de castigos em que incorrem na realidade os diferentes tipos de prevaricadores ! Sabendo que a Justiça de hoje, é particularmente menos pesada e castigadora do que aquela praticada tempos atrás, o candidato a criminoso já não deve sentir-se demasiado e irremediavelmente apavorado, ao ponto de desistir dos seus ilegais intentos. Muito curiosamente, na sua generalidade, os criminosos têm em comum, um ponto que os une, tanto na convicção de uma pseudo impunidade, como no resultado de um eventual castigo. A esmagadora maioria deles, talvez por possuírem uma determinada inconsciência ou, uma qualquer insuficiência intelectual, convencem-se, graças a uma perturbante ingenuidade, que só os desafortunados e outros desleixados, é que se deixam apanhar pela teia da Justiça. Por definição, a inquestionável “esperteza” deles, representa a sua única e garantida salvaguarda.
Caso essa tão sui generis motivação venha a ser comprovada através de exames psicológicos aprofundados, a efectuar em laboratórios idóneos, competirá então à sociedade e autoridades competentes, investirem fortemente numa formação centrada no reforço da ética humana, baseada na incontestável imprescindibilidade do ensino e consequente domínio dos valores morais e cívicos do indivíduo, sem os quais nenhuma sociedade que se quer inteligente e civilizada pode progredir em segurança, no respeito de todos e de cada um e com séria e incontroversa garantia de um futuro colectivo e individual promissor. Paralelamente a essa recomendável reformulação ética e moral do indivíduo, existe, além do real dever, uma imperiosa necessidade da parte de todos os intervenientes, de empenhar-se, séria e eficazmente, numa drástica redução da miséria, ou melhor, na sua erradicação, sabendo que essa mesma miséria, é mãe de todos os vícios e de todos os males de que todos sofremos
Contra factos não há argumentos !
Como já foi aqui referido num anterior artigo, intitulado: “Quando jornalismo rima com sadismo”, o alargado conjunto de noticiários, consagra a maior parte dos seus espaços informativos, à divulgação diária de péssimas e assustadoras noticias que ocorrem em todo o mundo. Independentemente das verdadeiras motivações que levam os jornalistas a exibir essa diarreia de pouco animadoras noticias, existe uma outra realidade, bem mais triste ainda, é que toda essa ameaçadora criminalidade está forte e inelutavelmente presente no seio da nossa sociedade. Tentar desmenti-la é uma aberração que só denigre os seus autores.
Mais importante do que fomentar uma batalha de números, ao sabor de interesses meramente politico-partidários, importa proceder a uma análise exaustiva da situação, capaz de encontrar e explicar as verdadeiras razões que estão na origem desse perigoso aumento da criminalidade, antes que a mesma venha a atingir proporções de carácter irreversível.
Se me fosse permitido tentar antecipar algumas dessas razões, poderia afirmar, com reduzida margem de erro, que os principais factores que desencadeiam uma forte motivação criminal, poderão ser os seguintes:
· Na mente dos criminosos, encontra-se uma irresistível vontade de apoderar-se de bens alheios, com o fim de enriquecimento pessoal praticamente imediato e com pouco trabalho.
· Verifica-se uma desmedida e desnecessária ostentação dos mais variados sinais exteriores de riqueza, da responsabilidade daqueles privilegiados que a possuem.
· Vindo daqueles que detém o poder, é visível a demonstração de um alto e rápido aumento de nível de vida, certamente gerador de incompreensão e cobiça dos subordinados que vivem à margem desses invejáveis sucessos.
· Regista-se uma excessiva “propaganda” e banalização de todas as formas de criminalidade, através dos meios informativos, incluindo a poderosa e incontrolada Internet, aliás iniciadora de perigosos e “bombásticos” ensinamentos.
· Presenciamos uma evidente, mas infelizmente suspeita falta de vontade política e uma insuficiência de meios adequados, para dissuadir os potenciais prevaricadores, comparativamente a outros tipos de investimentos públicos.
· É lamentável e pesado de consequências, a inconsciência leviana com a qual a nossa actual sociedade fomenta quantidades sempre crescentes de assimetrias sociais, com os seus lotes de esquecidos e de abandonados, entregues a si próprios, que, não tendo absolutamente nada mais para perder, mergulham numa nebulosa marginalidade, onde pensam encontrar um suposto e ilusório refúgio, eventualmente capaz de contrariar a sua indecente e excessiva miséria, tão material, como aliás intelectual.
Durante muitos séculos, as populações registaram uma forma de vida, indiscutível e exclusivamente condicionada pelo permanente e assustador poder das autoridades religiosas, possuidoras de uma plena legitimidade para fazer uso de todos os meios ao seu dispor, principalmente, o do recurso a ameaça de castigos diversos, incluindo aquele que prometia a ida para as chamas eternas do inferno; com a particularidade destes castigos serem infligidos pelos mais do que misteriosos e não menos assustadores poderes, ditos divinos ! Com a perda definitiva de influência dessa mesma Igreja, aquando da sua separação efectiva do Estado no início do século XX, a sociedade civil começou a desfrutar de uma maior e merecida liberdade espiritual e consequentemente, deixou-se progressivamente conduzir em direcção a diferentes e renovadas formas de espiritualidade, de pensamento e de convívio.
O simples facto de saber que, contrariamente ao incontestado e aterrador poder espiritual divino, profeticamente omnipresente em todos os lugares e dentro de cada um dos pecadores, o novo e circunscrito poder das autoridades policiais, só se inicia e toma efectivamente efeito, a partir do momento onde o criminoso é apanhado fisicamente, deixa aos meliantes uma razoável e apetecível margem de manobra, que incita os mais inconscientes a tentarem a sua sorte, indiferentes aos prejuízos diversos que irão causar às suas anónimas e infelizes vítimas, cujos direitos raramente são lembrados, quando se fala de direitos humanos.
Sendo universalmente reconhecido, que o excesso de liberdade mata a própria liberdade, não será de admirar e ainda menos de surpreender, que o progressivo e inexorável aumento de uma alargada e incontrolável permissividade nas nossas actuais sociedades, se assuma como sendo o principal factor desencadeador das sucessivas ondas de efeitos negativos, das quais a criminalidade faz parte integrante, embora no meio de tantas outros.
Perante tal sombria realidade, a sabedoria assegura que é fundamental e urgente reflectirmos, madura e construtivamente, sobre as actuais “reduzidas” formas de castigos em que incorrem na realidade os diferentes tipos de prevaricadores ! Sabendo que a Justiça de hoje, é particularmente menos pesada e castigadora do que aquela praticada tempos atrás, o candidato a criminoso já não deve sentir-se demasiado e irremediavelmente apavorado, ao ponto de desistir dos seus ilegais intentos. Muito curiosamente, na sua generalidade, os criminosos têm em comum, um ponto que os une, tanto na convicção de uma pseudo impunidade, como no resultado de um eventual castigo. A esmagadora maioria deles, talvez por possuírem uma determinada inconsciência ou, uma qualquer insuficiência intelectual, convencem-se, graças a uma perturbante ingenuidade, que só os desafortunados e outros desleixados, é que se deixam apanhar pela teia da Justiça. Por definição, a inquestionável “esperteza” deles, representa a sua única e garantida salvaguarda.
Caso essa tão sui generis motivação venha a ser comprovada através de exames psicológicos aprofundados, a efectuar em laboratórios idóneos, competirá então à sociedade e autoridades competentes, investirem fortemente numa formação centrada no reforço da ética humana, baseada na incontestável imprescindibilidade do ensino e consequente domínio dos valores morais e cívicos do indivíduo, sem os quais nenhuma sociedade que se quer inteligente e civilizada pode progredir em segurança, no respeito de todos e de cada um e com séria e incontroversa garantia de um futuro colectivo e individual promissor. Paralelamente a essa recomendável reformulação ética e moral do indivíduo, existe, além do real dever, uma imperiosa necessidade da parte de todos os intervenientes, de empenhar-se, séria e eficazmente, numa drástica redução da miséria, ou melhor, na sua erradicação, sabendo que essa mesma miséria, é mãe de todos os vícios e de todos os males de que todos sofremos
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