A indisfarçável timidez com que a comunicação social relata os acontecimentos que estão a transformar o Tibete num autêntico campo de batalha, parece estar em perfeita sintonia com a atitude oficial da maioria dos governos dos países ocidentais. Ninguém diz nada de sério e determinado, nem a ONU, nem a UE, nem os EUA, nem a Rússia...
As razões que justificam esse escamoteado silêncio, prendem-se com a recente e crescente dependência económica que grande parte do mundo tem para com a República Popular de China, em vias de passar, da maior fábrica do mundo para a “única” fábrica do mundo !!
Se é verdade que o maior país comunista do planeta, moldado pelo seu então “Timoneiro”, Mao Tse Tung, viveu apavorado, estagnado e fechado sobre si próprio durante meio século, também é verdade que a China de hoje, com a reformulação ideológica parcial, operada por Deng Xiao Ping, deu origem a um inovador paradoxo, na medida em que se orgulha de reivindicar o que realmente passou a ser, ou seja: Um país, dois sistemas. Comunismo mordaz versus capitalismo selvagem !!
Vejamos: de um lado, permanece o sistema do partido comunista único, autoritário e intransigente com os seus objectivos e onde a filosofia dos direitos humano é palavra morta. Por outro lado, paralelamente a uma conservadora e feroz ideologia política exemplarmente comunista, a China implantou uma nova forma de capitalismo, verdadeiramente selvagem, onde tudo vale e tudo é permitido para alcançar os fins pretendidos: passar a ser uma super potência em todos os aspectos. População, (já é ), poder financeiro, (já tem), poder militar (já tem), supremacia fabril, (a caminho) e influência política e económica, (já tem incontestavelmente). Uma questão se coloca com toda a legitimidade: uma vez verificada a supremacia total, (talvez daqui a uns cinquenta ou setenta anos !), o que poderá fazer o resto do mundo para proteger os seus interesses e respectiva soberania? Enquanto tal não acontece, a China continua a ser materialmente incontornável para centenas de milhares de empresas espalhadas pelo mundo, que lhe confiam a sua produção, e essa tendência reforça-se de ano para ano. Face ao seu extraordinário crescimento e consequente enriquecimento, tão exponencial como rápido, a China também necessita, por sua vez, de alta tecnologia e de produtos que ela não produz e de serviços de que não dispõe. Para satisfazer essa incomensurável necessidade a todos os níveis, um importante número de países desenvolvidos, “fazem fila à porta” para propor, negociar, vender, facturar e finalmente receber milhões, milhões e mais milhões.
O actual e desmedido sucesso da China, explica-se com uma desconcertante simplicidade. O conjunto das economias capitalistas, ocupadas a alimentar e manter uma onda sem precedentes de consumismo interno desenfreado, necessitou e continua a necessitar de reduzir os custos o mais possível, de forma a poder aumentar substancialmente as suas margens comerciais, facilitando e promovendo assim, ainda mais, esse mesmo consumismo também selvagem. É graças, ou por causa dessa estratégia, que qualquer consumidor ocidental, tem e possui hoje, uma quantidade nitidamente superior de bens, com o mesmo dinheiro, em comparação com o que tinha há alguns anos atrás. Assistimos hoje ao milagre da mão de obra chinesa, barata, mas também amedrontada e disciplinada pelo poder político. Amanhã, veremos quais as consequências !
Perante este invulgar panorama, nenhum país, seja ele fornecedor, comprador ou os dois simultaneamente, se pode dar ao “luxo” de contrariar a toda poderosa China, por medo de vir a sofrer represálias, como aliás, já aconteceu.
A forma encontrada para salvaguardar a honra e os interesses diversos, consiste em recorrer a uma hipocrisia de Estado, numa tentativa desesperada de agradar à poderosa China, sem todavia criar problemas internos com a parte das populações nacionais que não entendem e não aceitam a brutal ocupação militar, comercial e financeira do Tibete pela China. Na verdade, essa nação, outrora soberana e independente, que alberga, conjuntamente com o Nepal, o tecto do mundo, o majestoso Himalaia, não passa hoje, de uma simples província da China, mais uma, no meio de tantas outras, que juntas formam o maior país do nosso planeta. Só lhe falta, depois da retrocessão de Hong Kong e Macau, engolir militarmente a Ilha Formosa e sua capital Taiwan, para completar as suas vorazes, eternas e insatisfeitas ambições geográficas. Se ainda não lhe chega ser já o maior país do mundo, onde quererá então parar ? O que será que isso anuncia ? Nada de bom certamente !!
Quando se sabe, ainda por cima, que no subsolo tibetano, se encontram importantes reservas de petróleo, nem valerá a pena acreditar que a poderosa China, maior consumidor de combustíveis fosseis, vá devolver ao Tibete a sua independência e a sua soberania. Quem ousaria fazer-lhe frente ? O mesmo acontece com a ocupada e massacrada Tchechenia, invulgarmente rica em petróleo, também ! A Rússia de Putin e de Medvedev, não irá decerto desistir destes enormes proveitos financeiros.
Por tudo isto e relativamente às próximas olimpíadas de Pequim, as autoridades chinesas podem dormir descansadas, porque ninguém terá a coragem de decretar qualquer boicote sério aos jogos. A vingança da China seria seguramente dolorosa para os “prevaricadores”. O Ocidente já marcou a sua posição oficial, anunciando que os atletas não podem de forma alguma serem reféns da política. Onde estavam esses mesmos corajosos políticos, quando russos e americanos boicotaram reciprocamente os jogos olímpicos de então nos respectivos países ?
Entretanto a China continua fiel a ela mesma. Afirma que não há repressão militar contra os “rebeldes criminosos”, que morreram apenas umas dez pessoas, que não há blindados nas ruas de Lhassa, o que aliás, é finalmente hoje totalmente contrariado pelo testemunho vivo de turistas que regressam de um território a ferro e fogo. Como se tudo isso não bastasse, os chineses dão-se mesmo o luxo de tratar o Dalaí Lama, chefe espiritual de todos os tibetanos, de “miserável cão raivoso” e voltaram a proferir ameaças contra ele, contra a sua integridade física. Aos olhos da China e em nome de uma prepotência que estranhamente ninguém contesta, passam a ser criminosos, perseguidos e castigados, todos os tibetanos que “ousam” reclamar o regresso a uma independência, usurpada em 1949. Como reagiria a China comunista em caso de invasão de parte do seu território por uma potência estrangeira ? Já conhecemos todos nós a única resposta a essa interrogação.
Agora que os comunistas chineses, incluindo autoridades civis e militares, assim como parte da população, descobriram o poder mágico do dinheiro, as delicias do consumismo do então abominável capitalismo e uma desmultiplicada força, inerente a uma efectiva e crescente posição de supremacia mundial, ninguém consegue fazer parar essa escalada, nem a China, nem os chineses, que lenta e seguramente, já se encontram instalados em todos os países do mundo, através de importantes comunidades que vivem em circuito quase fechado, à margem dos usos e costumes locais. Qual será a verdadeira razão dessa emigração planetária? Uma estranha pergunta subsiste todavia, para a qual não existe oficialmente uma resposta satisfatória: mas afinal, se nunca ninguém vê nenhum chinês velho no Ocidente, por onde é que eles andam, o que será que fazem com eles? O mal do Ocidente é deixar que tudo isto aconteça, lenta, calma, segura e inexoravelmente. Quando este Ocidente se lembrar, um dia, que é imperioso reagir, antes que seja tarde, nessa altura, já será obviamente tarde demais. A única esperança que poderemos alimentar, é que, um dia, a população chinesa ganhe coragem para rejeitar definitivamente o sistema que a oprime e consiga instalar nesse país, uma democracia inteligente e eficaz, da qual deverão ser previamente expurgados os repetidos e graves erros, habitualmente cometidos com inexplicável e imperdoável impunidade, nas democracias ocidentais
As razões que justificam esse escamoteado silêncio, prendem-se com a recente e crescente dependência económica que grande parte do mundo tem para com a República Popular de China, em vias de passar, da maior fábrica do mundo para a “única” fábrica do mundo !!
Se é verdade que o maior país comunista do planeta, moldado pelo seu então “Timoneiro”, Mao Tse Tung, viveu apavorado, estagnado e fechado sobre si próprio durante meio século, também é verdade que a China de hoje, com a reformulação ideológica parcial, operada por Deng Xiao Ping, deu origem a um inovador paradoxo, na medida em que se orgulha de reivindicar o que realmente passou a ser, ou seja: Um país, dois sistemas. Comunismo mordaz versus capitalismo selvagem !!
Vejamos: de um lado, permanece o sistema do partido comunista único, autoritário e intransigente com os seus objectivos e onde a filosofia dos direitos humano é palavra morta. Por outro lado, paralelamente a uma conservadora e feroz ideologia política exemplarmente comunista, a China implantou uma nova forma de capitalismo, verdadeiramente selvagem, onde tudo vale e tudo é permitido para alcançar os fins pretendidos: passar a ser uma super potência em todos os aspectos. População, (já é ), poder financeiro, (já tem), poder militar (já tem), supremacia fabril, (a caminho) e influência política e económica, (já tem incontestavelmente). Uma questão se coloca com toda a legitimidade: uma vez verificada a supremacia total, (talvez daqui a uns cinquenta ou setenta anos !), o que poderá fazer o resto do mundo para proteger os seus interesses e respectiva soberania? Enquanto tal não acontece, a China continua a ser materialmente incontornável para centenas de milhares de empresas espalhadas pelo mundo, que lhe confiam a sua produção, e essa tendência reforça-se de ano para ano. Face ao seu extraordinário crescimento e consequente enriquecimento, tão exponencial como rápido, a China também necessita, por sua vez, de alta tecnologia e de produtos que ela não produz e de serviços de que não dispõe. Para satisfazer essa incomensurável necessidade a todos os níveis, um importante número de países desenvolvidos, “fazem fila à porta” para propor, negociar, vender, facturar e finalmente receber milhões, milhões e mais milhões.
O actual e desmedido sucesso da China, explica-se com uma desconcertante simplicidade. O conjunto das economias capitalistas, ocupadas a alimentar e manter uma onda sem precedentes de consumismo interno desenfreado, necessitou e continua a necessitar de reduzir os custos o mais possível, de forma a poder aumentar substancialmente as suas margens comerciais, facilitando e promovendo assim, ainda mais, esse mesmo consumismo também selvagem. É graças, ou por causa dessa estratégia, que qualquer consumidor ocidental, tem e possui hoje, uma quantidade nitidamente superior de bens, com o mesmo dinheiro, em comparação com o que tinha há alguns anos atrás. Assistimos hoje ao milagre da mão de obra chinesa, barata, mas também amedrontada e disciplinada pelo poder político. Amanhã, veremos quais as consequências !
Perante este invulgar panorama, nenhum país, seja ele fornecedor, comprador ou os dois simultaneamente, se pode dar ao “luxo” de contrariar a toda poderosa China, por medo de vir a sofrer represálias, como aliás, já aconteceu.
A forma encontrada para salvaguardar a honra e os interesses diversos, consiste em recorrer a uma hipocrisia de Estado, numa tentativa desesperada de agradar à poderosa China, sem todavia criar problemas internos com a parte das populações nacionais que não entendem e não aceitam a brutal ocupação militar, comercial e financeira do Tibete pela China. Na verdade, essa nação, outrora soberana e independente, que alberga, conjuntamente com o Nepal, o tecto do mundo, o majestoso Himalaia, não passa hoje, de uma simples província da China, mais uma, no meio de tantas outras, que juntas formam o maior país do nosso planeta. Só lhe falta, depois da retrocessão de Hong Kong e Macau, engolir militarmente a Ilha Formosa e sua capital Taiwan, para completar as suas vorazes, eternas e insatisfeitas ambições geográficas. Se ainda não lhe chega ser já o maior país do mundo, onde quererá então parar ? O que será que isso anuncia ? Nada de bom certamente !!
Quando se sabe, ainda por cima, que no subsolo tibetano, se encontram importantes reservas de petróleo, nem valerá a pena acreditar que a poderosa China, maior consumidor de combustíveis fosseis, vá devolver ao Tibete a sua independência e a sua soberania. Quem ousaria fazer-lhe frente ? O mesmo acontece com a ocupada e massacrada Tchechenia, invulgarmente rica em petróleo, também ! A Rússia de Putin e de Medvedev, não irá decerto desistir destes enormes proveitos financeiros.
Por tudo isto e relativamente às próximas olimpíadas de Pequim, as autoridades chinesas podem dormir descansadas, porque ninguém terá a coragem de decretar qualquer boicote sério aos jogos. A vingança da China seria seguramente dolorosa para os “prevaricadores”. O Ocidente já marcou a sua posição oficial, anunciando que os atletas não podem de forma alguma serem reféns da política. Onde estavam esses mesmos corajosos políticos, quando russos e americanos boicotaram reciprocamente os jogos olímpicos de então nos respectivos países ?
Entretanto a China continua fiel a ela mesma. Afirma que não há repressão militar contra os “rebeldes criminosos”, que morreram apenas umas dez pessoas, que não há blindados nas ruas de Lhassa, o que aliás, é finalmente hoje totalmente contrariado pelo testemunho vivo de turistas que regressam de um território a ferro e fogo. Como se tudo isso não bastasse, os chineses dão-se mesmo o luxo de tratar o Dalaí Lama, chefe espiritual de todos os tibetanos, de “miserável cão raivoso” e voltaram a proferir ameaças contra ele, contra a sua integridade física. Aos olhos da China e em nome de uma prepotência que estranhamente ninguém contesta, passam a ser criminosos, perseguidos e castigados, todos os tibetanos que “ousam” reclamar o regresso a uma independência, usurpada em 1949. Como reagiria a China comunista em caso de invasão de parte do seu território por uma potência estrangeira ? Já conhecemos todos nós a única resposta a essa interrogação.
Agora que os comunistas chineses, incluindo autoridades civis e militares, assim como parte da população, descobriram o poder mágico do dinheiro, as delicias do consumismo do então abominável capitalismo e uma desmultiplicada força, inerente a uma efectiva e crescente posição de supremacia mundial, ninguém consegue fazer parar essa escalada, nem a China, nem os chineses, que lenta e seguramente, já se encontram instalados em todos os países do mundo, através de importantes comunidades que vivem em circuito quase fechado, à margem dos usos e costumes locais. Qual será a verdadeira razão dessa emigração planetária? Uma estranha pergunta subsiste todavia, para a qual não existe oficialmente uma resposta satisfatória: mas afinal, se nunca ninguém vê nenhum chinês velho no Ocidente, por onde é que eles andam, o que será que fazem com eles? O mal do Ocidente é deixar que tudo isto aconteça, lenta, calma, segura e inexoravelmente. Quando este Ocidente se lembrar, um dia, que é imperioso reagir, antes que seja tarde, nessa altura, já será obviamente tarde demais. A única esperança que poderemos alimentar, é que, um dia, a população chinesa ganhe coragem para rejeitar definitivamente o sistema que a oprime e consiga instalar nesse país, uma democracia inteligente e eficaz, da qual deverão ser previamente expurgados os repetidos e graves erros, habitualmente cometidos com inexplicável e imperdoável impunidade, nas democracias ocidentais
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